Reconstruções

Zizi Pedrossa é uma artista visual de procedimentos. Isso significa que cada obra tem um valor em si mesma enquanto processo criativo, mas que ganha uma outra dimensão quando é considerada perante outros trabalhos e o conjunto da produção. Na análise de repetições e deslocamentos realizados, existe um ganho para cada criação e para o todo.

Zizi Pedrossa – Continente – 2023 Caderno de Artista – caneta nanquim, nanquim e caneta pincel sobre papel – 56 x 22 cm.

A busca permanente pelo potencial dos materiais torna cada imagem uma procura pelo sagrado, não no sentido de uma jornada em direção a um Deus onisciente e onipresente, mas na prática do exercício permanente de uma caminhada criativa e existencial em que os sentidos são desafiados.

As veredas percorridas são do olhar, mas também do toque. A dimensão do caderno funciona muito melhor enquanto objeto estético quando é possível perceber mais e melhor como ele é feito. Trata-se de, portanto, de mergulhar em um universo de afetos e de sensibilidades.

Cada obra torna-se um continente no sentido de precisar das outras para se completar e se reconstruir. Uma região somente existe porque dialoga com as outras. Do mesmo modo, imagens isoladas trazem parte da energia de um bloco de informações visuais. Quando existe a manifestação geral dessa família artística, todas brilham mais e melhor.  

 

Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.

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